O Poder das Velas

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A maioria de nós já fez um primeiro ritual com velas, por volta dos três anos de idade. Lembra-se dos seus primeiros aniversários? Soprar as velas do bolo e fazer um pedido? Este costume da infância baseia-se em dois princípios mágicos muito importantes: a concentração e o uso de um símbolo para focalização.

Em termos simples quer dizer que se você quer que algo aconteça, precisa primeiro se concentrar (fazer o pedido) e então associar o seu desejo mágico ao ato simbólico de soprar as velas. A força de sua vontade faz o sonho realizar-se. Técnicas análogas são usadas na magia e no ritual das velas.

Os atos rituais que se seguem são destinados a agir como agentes solidificadores para concretizar uma forma de pensamento projetada e enviada pela mente de quem acende a vela. Em essência, o ritual age como o impulso que traz o pensamento, desde a imaginação completada até a manifestação física no plano material.

A chama da vela é a conexão direta com o mundo espiritual superior, sendo que a parafina atua como a parte física da vela ou símbolo da vontade, e o pavio a direção.

As velas vieram para a Umbanda por influência do Catolicismo.

Nos terreiros, há sempre alguma vela acesa, são pontos de convergências para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim fazer sua rogação ou agradecimento ao espírito ou Orixá a quem dedicou.

Ao iluminá-las, homenageia-se, reforçando uma energia que liga, de certa forma, o corpo ao espírito.

A função da uma vela, que já foi definida como o mais simples dos rituais é, no seu sentido básico, o de simplesmente repetir uma mensagem, um pedido.

O pensamento mal direcionado, confuso ou disperso pode canalizar coisas não muito positivas ou simplesmente não funcionar. Diz um provérbio chinês: “cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido”. A pessoa se concentra no que deseja e a função da chama é o de repetir, por reflexo, no astral, a vontade e o pedido do interessado.

O ato de acender uma vela deve ser um ato de fé, de mentalização e concentração para a finalidade que se quer.

Muitos médiuns acendem velas para seus guias, de forma automática e mecânica, sem nenhuma concentração. É preciso que se tenha consciência do que se está fazendo, da grandeza e importância (para o médium e Entidade), pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a energia ígnea (do fogo) e, juntas viajarão no espaço para atender a razão da queima desta vela.

Sabemos que a vida gera calor e que a morte traz o frio. Sendo uma chama de vela cheia de calor, ela tem amplo sentido de vida, despertando nas pessoas a esperança a fé e o amor.

A intenção de acendermos uma vela gera uma energia mental; e é essa energia que a entidade irá captar em seu campo vibratório. Assim, podemos dizer que: nem sempre a quantidade está relacionada diretamente à qualidade, a diferença estará na fé e mentalização do médium.


A cera natural, vinda das abelhas, é impregnada dos fluidos existentes nas flores, em grande quantidade. Este elemento, vindo da natureza, é utilizado na prática do bem e do mal, como matéria-prima poderosa para somar-se com os teores dos pensamentos, tornando eficaz o trabalho e o objetivo ao qual se propõe.

Comparada a uma bateria, uma pilha natural, a cera sempre foi utilizada em larga escala na magia.

É considerada, na espiritualidade, como uma das melhores oferendas por ter, em sua formação, os quatro elementos da natureza ativos, desprendendo energia. O fogo da chama, a terra e água (através da cera), o ar aquecido queimando resíduos espirituais.

Posso acender velas ao meu anjo da guarda?

Seria bom se ao menos semanalmente acendêssemos uma vela branca (ou sete dias), para nosso Anjo de Guarda. É uma forma de mantermos um “laço íntimo”, de aproximação.

Posso acender vela a um ente querido já desencarnado dentro de casa?

Em contrapartida, aconselhamos que caso desejasse acender velas para um ente querido, já desencarnado, se faça em um lugar mais apropriado (cruzeiro das almas do terreiro, cemitério, igreja) e não dentro de vossas casas; isto porque, ao mentalizarmos o desencarnado, estamos entrando em sintonia com ele, fazendo a ponte mental até ele, deixando este espírito literalmente, dentro de nossas casas. O que não seria o correto, pois estaríamos fazendo com que fique mais ligado ao mundo carnal, atrasando assim a sua evolução espiritual. Agora ao fazermos isso em um local apropriado, estes locais já possuem “equipes de socorristas” e doutrinadores, os quais irão ajudá-lo na compreensão e aceitação de seu desencarne (morte).

Comunicado / Coronavírus

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Bater cabeça

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Saudar de forma reverente encostando a cabeça no chão.
Saudação, reverência, respeito, entrega, amor, devoção, religiosidade são algumas das atitudes relacionadas com o ato de bater cabeça. Na maioria dos terreiros batemos cabeça diante do altar, saudando Deus, os Orixás e guias que conduzem o templo, em algumas casa também se bate cabeça para o dirigente espiritual e em poucas para a tronqueira.
Bater cabeça diante do altar é um dos atos mais importantes dentro do ritual de Umbanda, pois é o limiar da entrega do médium que vai trabalhar, estamos nos entregando em uma forma de submissão consentida, porque queremos servir e ser obedientes à orientação e guia que vem do astral.
Estamos “dando” nossa cabeça, o mistério da vida, o que há de mais precioso, nosso mental e nossa coroa em prol do trabalho espiritual que vai se realizar.
Bater cabeça é algo extremamente simbólico e agregador de sentido para nossa religião e nossas vidas, que cada um de nós tenha orgulho de bater cabeça para e na UMBANDA.
(Fonte: Alexandre Cumino – JUS)

#Repost @filhosdooaxe ・・・
#umbanda #sarava #batercabeça #orixas #espiritualidade

Por quê batemos palmas?

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Muitos ao assistir uma gira de Umbanda, notam que em certos momentos de saudação, batemos palmas, e também cadenciamos nossos pontos cantados com palmas.
Fazemos isso porque a espiritualidade de Umbanda nos ensina que na palma de nossas mãos temos chacras e aprendemos que ao batermos uma palma contra a outra, uma grande quantidade de energia é emanada de nós em direção a aquele que saudamos ou reverenciamos.
Assim, a grosso modo podemos dizer que ao batermos palmas estamos não apenas saudando, neste sagrado bater de palmas, mas também doando de nós mesmos a nossa parte de energia para que a energia daquele ao qual reverenciamos, chamamos, ou saudamos se una a nós.
Sendo os pontos cantados uma forma de oração, ao batermos palmas cadenciadas damos a nós mesmos e ao ser reverenciado, a permissão de uma conexão mais ampla e espaço de união entre nós e aquele que esteja sendo saudado, reverenciado ou chamado ao nosso campo vibratório.
Podemos notar que na vida social, de forma bem simples, apenas aplaudimos aqueles que de alguma forma fazem algo digno de nosso respeito, afeto ou admiração.
Outro exemplo de fácil entendimento, é que nos aniversários, saudando o aniversariante cantamos cadenciando o canto, batendo palmas, com essa exata conotação de aprovar, aproximar e demonstrar nosso apreço ao aniversariante doando assim uma grande quantidade de nossa energia pessoal e unindo as energias deste as nossas energias, apenas com este ato.
Esse o motivo básico para que religiosamente, batamos palmas para a luz dos mentores, guias e protetores que por misericórdia divina tem a permissão de nos auxiliar no aprendizado da prática da Lei do Auxilio, no exercício do aprendizado de amor incondicional que é a caridade.
Sabendo disso, analise bem o quando e para quem você baterá palmas, porque por ato reflexo, sua energia estará se unindo a energia dessa pessoa.
Pense nisso!

(Angela Gonçalves)

#Repost @umbandaes
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13 coisas que você não sabe sobre os Orixás

A Folha de Louro

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Interpretação de nomes de Entidades na Umbanda Sagrada

Existe uma Ciência Divina que permeia a religião de Umbanda, por meio da qual é possível fazer uma correta interpretação dos nomes das Entidades, Guias e Exus.

Existe grande curiosidade sobre a força e regência na qual nossas Entidades e Exus trabalham, pois todos estão atuando no campo de um ou mais Orixás. É importante dizer que não importa qual é o Orixá de cabeça do médium; estas informações podem ajudar, mas não são determinantes para identificar com qual entidade o médium trabalha.

Para interpretar os nomes precisa-se da chave interpretativa, que é a correta relação entre os elementos dos nomes e seus Orixás correspondentes. Por exemplo, se montanhas são de Xangô, Caboclo tal da Montanha, Exu Montanha e todas as entidades e guias com “sobrenome” Montanha são de Xangô, assim como Caboclo Sete Montanhas, Exu Sete Montanhas e todas as entidades e guias com “sobrenome” Sete Montanhas são de Xangô, trabalhando nas Sete Linhas de Umbanda. E assim por diante.

Também é preciso conhecer os fatores, verbos e ações relacionados aos Orixás, como por exemplo: cortar, arrancar, romper, abrir, trancar, girar, virar. Desta forma, identifica-se a quem pertence os fatores. Exemplo:

Fator abrir = Ogum – que dá origem às falanges:
Abre Caminho (Ogum/Ogum)
Abre Rio (Ogum/Oxum)
Abre Matas (Ogum/Oxossi)
Abre Tudo (Ogum/Oxalá)
Abre Calunga (Ogum/Obaluaê).

E com identificação do elemento principal, como: “pedra” ou “pedreira” (Xangô), “água ou cachoeira” (Oxum), “estrada” (Ogum), etc. vai-se localizando o campo de atuação:

Pedra Preta (Xangô/Omulu)
Pedra de Fogo (Xangô/Xangô ou Ogum)
Pedreira das Almas (Xangô/Obaluaê)
Pedreira de Ferro (Xangô/Ogum)
Pedreira de Ouro (Xangô/Oxum).

Por mais que se conheça a chave de um nome, é muito comum a entidade não revelar seu nome por inteiro.

Posso saber que trabalho com Exu Tranca Ruas, um Exu de Ogum, no entanto, ele pode ser Tranca Ruas das Matas, logo vai voltar-se a Oxossi, então, ele é um Exu de Ogum atuando nos campos de Oxossi.

Ainda assim não é suficiente para identificar o nome da Entidade. Sua correta revelação dever ser feita somente nas obrigações, com a própria Entidade dando a interpretação.

Lista com os fatores e chaves das entidades:

A

Abre (caminho, rio, mar, mata, etc.) – Ogum
Águia Negra – Oxossi ou Ogum
Almas, das – Obaluaê
Âncoras – Iemanjá, Ogum
Ar, do – Iansã
Aranha – Iansã
Arranca (toco, tudo, rua, mar, almas) – Ogum
Arrebenta – Ogum

B

Bará – Oxalá
Brasa – Iansã e Ogum
Buraco, do – Omulu

C

Cachoeira, da – Oxum
Cabaça – Nanã
Cabeça – Oxalá
Cadeado – Ogum e Xangô
Caldeira – Xangô, Iansã
Calunga – Obaluaê
Caminho, do – Ogum
Campa – Omulu
Campina – Iansã, Ogum
Capa (preta, das almas, encruzilhada) – Oxalá
Carranca – Ogum e Oxalá
Casco – Ogum
Catacumba – Omulu
Caveira – Omulu
Cemitério – Obaluaê
Chave – Oxalá
Chicote – Iansã
Chifre – Iansã
Cipó – Oxossi
Cobra – Oxossi
Corisco – Iansã
Coroa – Oxalá
Corrente – Ogum e Oxum
Corta (fogo, vento, rua) – Ogum
Cova – Omulu
Cravo (preto, vermelho) – Oxossi
Cruz – Obaluaê
Cruzeiro – Obaluaê
Curador – Obaluaê

E

Encruzilhada – Oxalá, Ogum e Obaluaê
Escudo – Ogum
Espada – Ogum
Estrada – Ogum
Estrela – Oxalá

F

Faísca – Iansã
Fagulha – Iansã, Xangô
Fechadura – Nanã
Ferro, do – Ogum
Ferrolho – Ogum e Oxum
Ferrabrás – Xangô
Ferradura – Ogum
Figueira – Oxossi
Fogueira – Ogum
Fogo – Xangô, Iansã
Folha – Oxossi

G

Galhada – Oxossi
Ganga – Oxalá
Garra – Oxossi
Gargalhada – Erês
Gato (preto, branco) – Oxossi
Gira (mundo, fogo, etc) – Logunan, Iansã
Gruta – Oxum
Guiné (planta, não o local) – Oxossi

H

Hora Grande – Oxalá

L

Labareda – Xangô, Iansã
Laço – Oxossi
Lama – Nanã
Lança – Ogum
Lonan – Ogum
Lucifer – Oxalá
Lodo – Nanã

M

Maioral – Oxalá
Mangueira – Oxossi e Iansã
Marabô – Oxossi e Iansã
Matas – Oxossi
Meia- Noite – Omulu
Montanha – Xangô
Morcego – Omulu
Morte – Omulu
Mulambo – Omulu
Mar – Iemanjá

O

Ondas – Iemanjá, Iansã
Ouro – Oxum

P

Pantanal – Oxossi
Pantera Negra – Oxossi
Pedra (preta, do fogo) – Oxum, Xangô
Pemba – Oxalá
Pena preta – Oxossi
Pimenta – Oxossi e Omulu
Pinga Fogo – Iemanjá e Xangô
Pirata – Iemanjá
Pó, do – Omulu
Poeira – Omulu e Iansã
Porta – Obaluaê
Porteira – Obaluaê
Prego – Ogum
Punhais – Iansã e Ogum

Q

Quebra (galho, tudo, porta, etc) – Ogum
Quedas – Oxum

R

Raios – Iansã
Raiz – Oxossi
Rei – Oxalá
Relâmpagos – Iansã e Xangô
Rompe (rua, matas, almas, ferro…) – Ogum
Ruas – Ogum

S

Serra Negra – Xangô
Sombras – Oxalá

T

Tatá – Obaluaê
Tatá Caveira – Omulu e Obaluaê
Terra (preta, vermelha, seca) – Omulu
Tira Gira, Teima, Toco – Iemanjá
Toco (preto) – Oxossi
Tranca (ruas, cruzes, matas, gira, tudo, cruzeiro) – Ogum
Treme Terra – Omulu
Trinca (Ferro) – Omulu
Tronco – Oxossi
Trovão – Xangô
Tumba – Omulu

V

Veludo – Oxum
Vento – Iansã
Ventania – Iansã
Vira (mundo, tudo, vento, folha, mata, mar) – Ogum

Z

Zé Pelintra – se manifesta na Umbanda na força de Oxalá e Ogum. Ainda assim há Zé Pelintra das matas, da cachoeira, do mar, etc.

Fonte: “Livro de Exu”, ” Orixá Exu”, “Sete linhas de Umbanda”, “Umbanda Sagrada”, “Rituais Umbandistas”, “Lendas da Criação”, “Tratado Geral de Umbanda”, “Código de Umbanda”, “Doutrina e Teologia de Umbanda”, “Fundamentos Doutrinários de Umbanda” e “Guardião da Meia Noite”.
Rubens Saraceni

Ponto cantado

🎶 Exu fez uma casa com 7 portas e 7 janelas, pra que Exu quer casa se é Pombagira que vai morar nela? 🎶

Muitos veem esse ponto com um olhar de humor, claro que tem humor e alegria, porque é assim que Exu trabalha, mas, como tudo na Umbanda, tem um fundamento muito grande.
O Orixá Exu constrói as 7 portas e 7 janelas, ou seja, Exu abre as portas para energia dos 7 Orixás entrar. Ele também constrói uma casa, um lugar protegido, ou seja, Exu, como mensageiro que é, abre as portas e dá proteção.
Mas constrói e não fica lá, porque a energia de Exu é energia em movimento, o lugar de Exu é na rua, nas encruzilhadas, onde há energias mal resolvidas, então Exu dá direcionamento.
Mas é interessante ver que Pombagira fica na casa, essa energia é do Orixá Pombagira, pouco falado, que é a energia de trazer à tona a autenticidade da pessoa, o ser verdadeiro da alma, com liberdade e respeito. Pombagira fica para trazer a vida para dentro de casa e a força feminina de leveza e cuidado consigo mesma e com o próximo.
Resumindo, Exu abre as portas para energia dos Orixás entrar e para a energia de Pombagira ficar, para te fazer viver de forma verdadeira, em contato com as energias dos Orixás, de forma autêntica e com respeito às leis de Zambi.

Portanto, antes que o preconceito se instale em julgamentos, permita-se ouvir e sentir as mensagens enfeixadas nos pontos cantados de Umbanda, para encontrar alegria de viver e o profundo sentido das encarnações.

Saravá Umbanda! Saravá Exú Pantera!

O Mistério da Cruz, entre o Sagrado e o Profano

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Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos cristãos quando um “padre” romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la, e o mesmo fazia ao sair dela.

O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:

– Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!

– Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do sinal da cruz, meu negro velho?

– É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a dizer-lhe.

– Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É isso, meu negro velho e cansado?

– É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos… e das passagens.

O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos alheios.

Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala particular localizada atrás da sacristia.

Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado do sinal da cruz.

O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um trono, de tão trabalhada que ela era.

– Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?

– Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das coisas deixamos de sentir os “pesos” do lado profano de nossa vida.

O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os mais sábios dos romanos conheciam.

O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano, que perguntou-lhe:

– Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?

– Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.

– Então tudo tem dois lados, meu preto velho?

– Tem sim, meu senhor.

– Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava apoiado sobre sua bengala?

– Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.

– Entendo, meu velho. – murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!

E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.

Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.

E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da existência de passagens entre esses dois lados, etc.

Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder nenhuma das palavras dele.

E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.

Aos poucos estava reescrevendo o cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.

– Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.

– Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.

– Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.

– “Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros “padres de todos os padres”, uma espécie de “cappo de tutti capos”, (os papas) começaram a adaptar os mistérios de muitos povos ao cristianismo, fundamentando a crença dos muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para oficializá-los e torná-los dogmas.

Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.

1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados.

a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.

Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.

Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.

b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.

c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.

d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao local que estamos abençoando (cruzando).

e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o lado sagrado dela.

f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.

g) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.

h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.

i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: – Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim.

Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do cristianismo e se esmeravam em conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos deles que os elegeriam.

Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas classes mais abastadas.

E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao cristianismo!

Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.

A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo “católico” que significava “universal” e universalizaram suas praticas de mercadores da fé.

Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas, que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse que consistia em acabar com as outras religiões.

No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos, propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.

O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo, hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a questão dos dízimos cobrados por eles.

Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na declaração dos bens das suas igrejas.

Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então.

O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas.

No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda às suas estripulias intramuros palacianos.

O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas e pessoas.

Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com “tudo”: A grana que arrecadavam, parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao cristianismo que havia tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida.

Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular).

Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da segunda metade do século IV d.C.

Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.

E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha aprendido com ele, aconteceu ao contrário.

O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).

Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública).

Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um “reciclador” barricas de um óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).

E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco.

Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo: “Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!”

Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: “Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos Senhores dos Mistérios mas que acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da Cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto?

“É sim, meu divino pai Obaluaiyê!” disse o preto velho

Fonte: Rubens Saraceni – Livro: Lendas da Criação

Ponto cantado

🎶 “OXALÁ MANDOU QUE EU GIRASSE NA UMBANDA, MAS NA MINHA GIRADA SÓ ESPINHOS COLHI.
OXALÁ MANDOU E EU GIREI.
E A MEUS FILHOS EU NUNCA ESQUECI.” 🎶

Todo ponto cantado de Umbanda tem um fundamento traçado nas Leis de Deus! Este ponto fala da porta estreita.
O Espírito Emmanuel, por meio da psicografia de Chico Xavier, no livro Vinha de Luz nos dá uma visão esclarecedora sobre o assunto, segue: 🍃

“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.” – Jesus. (Lucas, 13:24.)

Antes da reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na “porta estreita” a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade do sofrimento purificador.
Anseia pelo sacrifício que redime.
Exalta o obstáculo que ensina.
Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.
Obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento.
Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões.
Fugindo à dificuldade, empenha-se pelo menor esforço.
Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal.
Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si.
E, no sono doentio do passado, atravessa os campos de evolução, sem algo realizar de útil, menosprezando os compromissos assumidos.
Em geral, quase todos os homens somente acordam quando a enfermidade lhes requisita o corpo às transformações da morte.
“Ah! se fosse possível voltar!…” – pensam todos.
Com que aflição acariciam o desejo de tornar a viver no mundo, a fim de aprenderem a humildade, a paciência e a fé!…
Com que transporte de júbilo se devotariam então à felicidade dos outros! …
Mas… é tarde. Rogaram a “porta estreita” e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas “portas largas”, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem.

Portanto, são pontos curtos cantados na Umbanda, mas de preciosos significados para a nossa existência.

Assim, estejamos sempre atentos à essência sublime das mensagens no contexto dos pontos cantados na Umbanda, para que possamos sentí-los de corpo e alma, recebendo os benefícios da melodia e das reflexões positivas que nos possam engrandecer espiritualmente.

Saravá Umbanda! Saravá Caboclo Puri Guerreiro!