O Poder das Velas

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A maioria de nós já fez um primeiro ritual com velas, por volta dos três anos de idade. Lembra-se dos seus primeiros aniversários? Soprar as velas do bolo e fazer um pedido? Este costume da infância baseia-se em dois princípios mágicos muito importantes: a concentração e o uso de um símbolo para focalização.

Em termos simples quer dizer que se você quer que algo aconteça, precisa primeiro se concentrar (fazer o pedido) e então associar o seu desejo mágico ao ato simbólico de soprar as velas. A força de sua vontade faz o sonho realizar-se. Técnicas análogas são usadas na magia e no ritual das velas.

Os atos rituais que se seguem são destinados a agir como agentes solidificadores para concretizar uma forma de pensamento projetada e enviada pela mente de quem acende a vela. Em essência, o ritual age como o impulso que traz o pensamento, desde a imaginação completada até a manifestação física no plano material.

A chama da vela é a conexão direta com o mundo espiritual superior, sendo que a parafina atua como a parte física da vela ou símbolo da vontade, e o pavio a direção.

As velas vieram para a Umbanda por influência do Catolicismo.

Nos terreiros, há sempre alguma vela acesa, são pontos de convergências para que o umbandista fixe sua atenção e possa assim fazer sua rogação ou agradecimento ao espírito ou Orixá a quem dedicou.

Ao iluminá-las, homenageia-se, reforçando uma energia que liga, de certa forma, o corpo ao espírito.

A função da uma vela, que já foi definida como o mais simples dos rituais é, no seu sentido básico, o de simplesmente repetir uma mensagem, um pedido.

O pensamento mal direcionado, confuso ou disperso pode canalizar coisas não muito positivas ou simplesmente não funcionar. Diz um provérbio chinês: “cuidado com o que pede, pois poderá ser atendido”. A pessoa se concentra no que deseja e a função da chama é o de repetir, por reflexo, no astral, a vontade e o pedido do interessado.

O ato de acender uma vela deve ser um ato de fé, de mentalização e concentração para a finalidade que se quer.

Muitos médiuns acendem velas para seus guias, de forma automática e mecânica, sem nenhuma concentração. É preciso que se tenha consciência do que se está fazendo, da grandeza e importância (para o médium e Entidade), pois a energia emitida pela mente do médium irá englobar a energia ígnea (do fogo) e, juntas viajarão no espaço para atender a razão da queima desta vela.

Sabemos que a vida gera calor e que a morte traz o frio. Sendo uma chama de vela cheia de calor, ela tem amplo sentido de vida, despertando nas pessoas a esperança a fé e o amor.

A intenção de acendermos uma vela gera uma energia mental; e é essa energia que a entidade irá captar em seu campo vibratório. Assim, podemos dizer que: nem sempre a quantidade está relacionada diretamente à qualidade, a diferença estará na fé e mentalização do médium.


A cera natural, vinda das abelhas, é impregnada dos fluidos existentes nas flores, em grande quantidade. Este elemento, vindo da natureza, é utilizado na prática do bem e do mal, como matéria-prima poderosa para somar-se com os teores dos pensamentos, tornando eficaz o trabalho e o objetivo ao qual se propõe.

Comparada a uma bateria, uma pilha natural, a cera sempre foi utilizada em larga escala na magia.

É considerada, na espiritualidade, como uma das melhores oferendas por ter, em sua formação, os quatro elementos da natureza ativos, desprendendo energia. O fogo da chama, a terra e água (através da cera), o ar aquecido queimando resíduos espirituais.

Posso acender velas ao meu anjo da guarda?

Seria bom se ao menos semanalmente acendêssemos uma vela branca (ou sete dias), para nosso Anjo de Guarda. É uma forma de mantermos um “laço íntimo”, de aproximação.

Posso acender vela a um ente querido já desencarnado dentro de casa?

Em contrapartida, aconselhamos que caso desejasse acender velas para um ente querido, já desencarnado, se faça em um lugar mais apropriado (cruzeiro das almas do terreiro, cemitério, igreja) e não dentro de vossas casas; isto porque, ao mentalizarmos o desencarnado, estamos entrando em sintonia com ele, fazendo a ponte mental até ele, deixando este espírito literalmente, dentro de nossas casas. O que não seria o correto, pois estaríamos fazendo com que fique mais ligado ao mundo carnal, atrasando assim a sua evolução espiritual. Agora ao fazermos isso em um local apropriado, estes locais já possuem “equipes de socorristas” e doutrinadores, os quais irão ajudá-lo na compreensão e aceitação de seu desencarne (morte).

A Folha de Louro

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Interpretação de nomes de Entidades na Umbanda Sagrada

Existe uma Ciência Divina que permeia a religião de Umbanda, por meio da qual é possível fazer uma correta interpretação dos nomes das Entidades, Guias e Exus.

Existe grande curiosidade sobre a força e regência na qual nossas Entidades e Exus trabalham, pois todos estão atuando no campo de um ou mais Orixás. É importante dizer que não importa qual é o Orixá de cabeça do médium; estas informações podem ajudar, mas não são determinantes para identificar com qual entidade o médium trabalha.

Para interpretar os nomes precisa-se da chave interpretativa, que é a correta relação entre os elementos dos nomes e seus Orixás correspondentes. Por exemplo, se montanhas são de Xangô, Caboclo tal da Montanha, Exu Montanha e todas as entidades e guias com “sobrenome” Montanha são de Xangô, assim como Caboclo Sete Montanhas, Exu Sete Montanhas e todas as entidades e guias com “sobrenome” Sete Montanhas são de Xangô, trabalhando nas Sete Linhas de Umbanda. E assim por diante.

Também é preciso conhecer os fatores, verbos e ações relacionados aos Orixás, como por exemplo: cortar, arrancar, romper, abrir, trancar, girar, virar. Desta forma, identifica-se a quem pertence os fatores. Exemplo:

Fator abrir = Ogum – que dá origem às falanges:
Abre Caminho (Ogum/Ogum)
Abre Rio (Ogum/Oxum)
Abre Matas (Ogum/Oxossi)
Abre Tudo (Ogum/Oxalá)
Abre Calunga (Ogum/Obaluaê).

E com identificação do elemento principal, como: “pedra” ou “pedreira” (Xangô), “água ou cachoeira” (Oxum), “estrada” (Ogum), etc. vai-se localizando o campo de atuação:

Pedra Preta (Xangô/Omulu)
Pedra de Fogo (Xangô/Xangô ou Ogum)
Pedreira das Almas (Xangô/Obaluaê)
Pedreira de Ferro (Xangô/Ogum)
Pedreira de Ouro (Xangô/Oxum).

Por mais que se conheça a chave de um nome, é muito comum a entidade não revelar seu nome por inteiro.

Posso saber que trabalho com Exu Tranca Ruas, um Exu de Ogum, no entanto, ele pode ser Tranca Ruas das Matas, logo vai voltar-se a Oxossi, então, ele é um Exu de Ogum atuando nos campos de Oxossi.

Ainda assim não é suficiente para identificar o nome da Entidade. Sua correta revelação dever ser feita somente nas obrigações, com a própria Entidade dando a interpretação.

Lista com os fatores e chaves das entidades:

A

Abre (caminho, rio, mar, mata, etc.) – Ogum
Águia Negra – Oxossi ou Ogum
Almas, das – Obaluaê
Âncoras – Iemanjá, Ogum
Ar, do – Iansã
Aranha – Iansã
Arranca (toco, tudo, rua, mar, almas) – Ogum
Arrebenta – Ogum

B

Bará – Oxalá
Brasa – Iansã e Ogum
Buraco, do – Omulu

C

Cachoeira, da – Oxum
Cabaça – Nanã
Cabeça – Oxalá
Cadeado – Ogum e Xangô
Caldeira – Xangô, Iansã
Calunga – Obaluaê
Caminho, do – Ogum
Campa – Omulu
Campina – Iansã, Ogum
Capa (preta, das almas, encruzilhada) – Oxalá
Carranca – Ogum e Oxalá
Casco – Ogum
Catacumba – Omulu
Caveira – Omulu
Cemitério – Obaluaê
Chave – Oxalá
Chicote – Iansã
Chifre – Iansã
Cipó – Oxossi
Cobra – Oxossi
Corisco – Iansã
Coroa – Oxalá
Corrente – Ogum e Oxum
Corta (fogo, vento, rua) – Ogum
Cova – Omulu
Cravo (preto, vermelho) – Oxossi
Cruz – Obaluaê
Cruzeiro – Obaluaê
Curador – Obaluaê

E

Encruzilhada – Oxalá, Ogum e Obaluaê
Escudo – Ogum
Espada – Ogum
Estrada – Ogum
Estrela – Oxalá

F

Faísca – Iansã
Fagulha – Iansã, Xangô
Fechadura – Nanã
Ferro, do – Ogum
Ferrolho – Ogum e Oxum
Ferrabrás – Xangô
Ferradura – Ogum
Figueira – Oxossi
Fogueira – Ogum
Fogo – Xangô, Iansã
Folha – Oxossi

G

Galhada – Oxossi
Ganga – Oxalá
Garra – Oxossi
Gargalhada – Erês
Gato (preto, branco) – Oxossi
Gira (mundo, fogo, etc) – Logunan, Iansã
Gruta – Oxum
Guiné (planta, não o local) – Oxossi

H

Hora Grande – Oxalá

L

Labareda – Xangô, Iansã
Laço – Oxossi
Lama – Nanã
Lança – Ogum
Lonan – Ogum
Lucifer – Oxalá
Lodo – Nanã

M

Maioral – Oxalá
Mangueira – Oxossi e Iansã
Marabô – Oxossi e Iansã
Matas – Oxossi
Meia- Noite – Omulu
Montanha – Xangô
Morcego – Omulu
Morte – Omulu
Mulambo – Omulu
Mar – Iemanjá

O

Ondas – Iemanjá, Iansã
Ouro – Oxum

P

Pantanal – Oxossi
Pantera Negra – Oxossi
Pedra (preta, do fogo) – Oxum, Xangô
Pemba – Oxalá
Pena preta – Oxossi
Pimenta – Oxossi e Omulu
Pinga Fogo – Iemanjá e Xangô
Pirata – Iemanjá
Pó, do – Omulu
Poeira – Omulu e Iansã
Porta – Obaluaê
Porteira – Obaluaê
Prego – Ogum
Punhais – Iansã e Ogum

Q

Quebra (galho, tudo, porta, etc) – Ogum
Quedas – Oxum

R

Raios – Iansã
Raiz – Oxossi
Rei – Oxalá
Relâmpagos – Iansã e Xangô
Rompe (rua, matas, almas, ferro…) – Ogum
Ruas – Ogum

S

Serra Negra – Xangô
Sombras – Oxalá

T

Tatá – Obaluaê
Tatá Caveira – Omulu e Obaluaê
Terra (preta, vermelha, seca) – Omulu
Tira Gira, Teima, Toco – Iemanjá
Toco (preto) – Oxossi
Tranca (ruas, cruzes, matas, gira, tudo, cruzeiro) – Ogum
Treme Terra – Omulu
Trinca (Ferro) – Omulu
Tronco – Oxossi
Trovão – Xangô
Tumba – Omulu

V

Veludo – Oxum
Vento – Iansã
Ventania – Iansã
Vira (mundo, tudo, vento, folha, mata, mar) – Ogum

Z

Zé Pelintra – se manifesta na Umbanda na força de Oxalá e Ogum. Ainda assim há Zé Pelintra das matas, da cachoeira, do mar, etc.

Fonte: “Livro de Exu”, ” Orixá Exu”, “Sete linhas de Umbanda”, “Umbanda Sagrada”, “Rituais Umbandistas”, “Lendas da Criação”, “Tratado Geral de Umbanda”, “Código de Umbanda”, “Doutrina e Teologia de Umbanda”, “Fundamentos Doutrinários de Umbanda” e “Guardião da Meia Noite”.
Rubens Saraceni

O Mistério da Cruz, entre o Sagrado e o Profano

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Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos cristãos quando um “padre” romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la, e o mesmo fazia ao sair dela.

O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou:

– Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre!

– Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do sinal da cruz, meu negro velho?

– É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a dizer-lhe.

– Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É isso, meu negro velho e cansado?

– É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos… e das passagens.

O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos alheios.

Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala particular localizada atrás da sacristia.

Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado do sinal da cruz.

O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um trono, de tão trabalhada que ela era.

– Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho?

– Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das coisas deixamos de sentir os “pesos” do lado profano de nossa vida.

O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os mais sábios dos romanos conheciam.

O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano, que perguntou-lhe:

– Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar?

– Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai.

– Então tudo tem dois lados, meu preto velho?

– Tem sim, meu senhor.

– Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava apoiado sobre sua bengala?

– Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas.

– Entendo, meu velho. – murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz!

E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então.

Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar.

E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da existência de passagens entre esses dois lados, etc.

Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder nenhuma das palavras dele.

E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados.

Aos poucos estava reescrevendo o cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados.

– Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio.

– Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal.

– Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho.

– “Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros “padres de todos os padres”, uma espécie de “cappo de tutti capos”, (os papas) começaram a adaptar os mistérios de muitos povos ao cristianismo, fundamentando a crença dos muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para oficializá-los e torná-los dogmas.

Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho.

1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados.

a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação.

Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos.

Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos.

b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência.

c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida.

d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao local que estamos abençoando (cruzando).

e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o lado sagrado dela.

f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la.

g) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações negativas como irradiará vibrações positivas.

h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior.

i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: – Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim.

Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do cristianismo e se esmeravam em conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos deles que os elegeriam.

Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas classes mais abastadas.

E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao cristianismo!

Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia.

A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo “católico” que significava “universal” e universalizaram suas praticas de mercadores da fé.

Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas, que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse que consistia em acabar com as outras religiões.

No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos, propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles.

O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo, hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a questão dos dízimos cobrados por eles.

Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na declaração dos bens das suas igrejas.

Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então.

O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas.

No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda às suas estripulias intramuros palacianos.

O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas e pessoas.

Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com “tudo”: A grana que arrecadavam, parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao cristianismo que havia tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida.

Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular).

Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da segunda metade do século IV d.C.

Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer.

E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha aprendido com ele, aconteceu ao contrário.

O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época).

Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública).

Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um “reciclador” barricas de um óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro).

E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco.

Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo: “Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!”

Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: “Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos Senhores dos Mistérios mas que acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da Cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto?

“É sim, meu divino pai Obaluaiyê!” disse o preto velho

Fonte: Rubens Saraceni – Livro: Lendas da Criação

Defumação na Umbanda

O Ogã puxa o ponto, a Cambone embala o turíbulo, a brasa do carvão incendeia as ervas e assim o aroma logo se espalha pelo templo. A vibração das ervas e plantas está em movimento. Esse é um momento de concentração, pedido e purificação.

Defuma com as ervas da Jurema, defuma com arruda e guiné..

defumação no terreiro

A sensação de limpeza, harmonia e tranquilidade é unânime. Pronto, médium e casa defumados. Dependendo da casa esse é um dos primeiros ritos a ser realizado durante a gira. Uma energia positiva invade nossos corações e é sentida na atmosfera do ambiente. O bem estar traduz perfeitamente esse momento.

Conseguiu visualizar a cena? Essa combinação de ritualística e magia faz parte dos principais ritos que você encontrará em um terreiro de Umbanda. Os atos acima descrevem uma defumação. É sobre esse rito que nós vamos falar hoje.

Por que defumar?

Você já deve ter se perguntado pelo porquê da existência do Rito de Defumação durante as giras. Mesmo quem nunca foi à um terreiro, pode lembrar-se desse rito dentro das missas (no início de cada missa os padres também realizam a defumação).

Sem meias palavras o significado principal da defumação é purificar nosso espírito e fazer uma “faxina” em nosso corpo espiritual. O livro Magia de Redenção (obra mediúnica ditada pelo espírito Ramatís), dedica um capítulo para explanar um pouco sobre a defumação e o seu sentido.

Todo o potencial que se elabora no seio da planta, durante os meses de sua vivência no solo seivoso da terra, depois é liberto em alguns minutos da defumação, projetando em torno um potencial de forças, que, além de sua manifestação propriamente física, ainda desagregam miasmas e bacilos astralinos disseminados no ambiente humano.

Ramatís

Como dito no trecho, a defumação tem o poder de “desagregar miasmas e bacilos astralinos”. Acredito que você já deva ter ouvido falar sobre miasmas e larvas astrais, mas aqui vai uma pergunta ao leitor. O que são e como podem te atingir? Sabe responder?

Bom, caso você nunca tenha nem ouvido sobre isso, essa é uma oportunidade de entender esses seres astrais e como eles podem estar relacionado a males físicos, emocionais e psíquicos da maioria (para não dizer todas) das pessoas.

 

Miasmas e Fluídos de Pensamentos

Vamos começar entendendo o que são os miasmas. Miasmas, são energias que se “plastificam” ou podemos dizer, que tomam forma e se acumulam em torno do nosso perispírito (corpo espiritual).

Isso acontece em decorrência de pensamentos e fluidos de pensamentos. As famosas neuras, os traumas, registros marcantes e/ou pensamentos constantes que remontam a uma mesma ocorrência.

Os miasmas podem envolver o perispírito da pessoa e também contaminar o ambiente em que ela vive. Sendo assim, trazemos para o ambiente que vivemos o que nossos pensamentos emanam. Por isso temos o poder de contagiar tudo o que nos cerca (animais, pessoas e etc) com energias positivas. Assim como com as negativas.

Larvas Astrais

Quando acumulamos as energias pesadas, ou seja miasmas negativos, atraímos também as chamadas larvas astrais. Blogque diabos são larvas astrais? Bom, como no plano físico, no astral também existem e vivem larvas, vermes e seres parasitóides. Esses seres, se favorecem de pensamentos pesados e consciências negativadas.

No momento em que você projeta pensamentos que propiciam miasmas negativos, as larvas astrais também encontram abertura para se instalarem.

Esses seres agem como sanguessugas das nossas energias negativas, e podemos dizer que eles se “alimentam” delas causando os mais variados tipos de moléstias e doenças (emocionais, físicas e psíquicas) aos indivíduos que os carregam. Mas veja bem, as larvas astrais não são espíritos obsessores e em algumas literaturas iremos encontrar o termo: elementares ou vírus astrais.

Goods vibes X Bad vibes

Tanto os miasmas, como as larvas astrais só se estabelecem em um corpo espiritual, se o mesmo tiver uma rotina de ações e principalmente pensamentos que os coloquem em uma situação negativada. Quais pensamentos propiciam essa abertura, Blog? Já ouviram falar em “good vibes”? esse é um termo bem.., podemos dizer “pop” no momento, mas se encaixa muito bem no que pretendemos chegar.

As “boas vibrações” são o conjunto de pensamentos positivos e ações benéficas que uma pessoa realiza em prol de si ou de outro. Por exemplo, uma prece de uma mãe à um filho é um pensamento positivo que toma uma forma astrale age no perispírito dessa pessoa buscando protege-la de pensamentos negativos externos ou da ação das larvas. É como se fosse então, um miasma positivo e benéfico, que cria uma redoma no perispírito da pessoa defendendo-a de possíveis ataques de ordem negativa.

Quanto aos pensamentos ruins temos uma lista bem extensa e podemos considerar tudo aquilo que nos faz mal, que traz uma sensação de desgaste e que na maioria das vezes toma nossos pensamentos de uma maneira descompensada e constante. Preconceito, injúrias, excessos, vícios, raiva, vingança, inveja, orgulho, mágoa, vulgaridade e toda sorte de comportamentos grosseiros, obscenos e rudes. Todo esse conjunto de pensamentos ruins e decadentes possibilitam os miasmas negativos e propiciam a entrada das larvas.

Cascões e Casulos

Nesse contexto também podemos citar o acúmulo das larvas astrais, que é quando vão se criando uma espécie de cascões ou casulos em torno do perispírito da pessoa, que acaba ficando com uma aparência rugosa e asquerosa. Gente, ninguém vai querer virar o “Coisa” do quarteto fantástico no mundo astral, não é? então, vamos manter a higiene desse espírito ai! Brincadeiras à parte, nesse “estágio” a entrada de vibrações positivas é dificultada por esses casulos e é então que o rito de defumação se faz extremamente importante.

A defumação vai desenvolver a assepsia do campo espiritual da pessoa e com isso muitos desses cascões vão se dissipando, assim como as larvas astrais que também começam a sucumbir à ação da fumaça aromática. Aos que ainda resistem a primeira defumação acabam se extirpando por meio da defumação com cachimbo que se utiliza do tabaco como uma erva mais eficaz para essa situação.

Frisamos o “essa situação” porque cada erva tem uma propriedade e em cada caso ela deve ser usada de uma maneira diferente, em um sentido e com uma ativação diferente, assim como, cada mal deve ser tratado por uma erva diferente.

Fonte: Julia Pereira @umbandaead

A mediunidade consciente atrapalha a comunicação dos guias de Umbanda?

É natural que o médium iniciante construa uma ideia de medo quanto as ações e falas promovidas pelo guia durante o trabalho espiritual.

Sabemos que os trabalhadores do plano astral utilizam o nosso campo mental e este já é o primeiro motivo para não temer pois eles nos respeitam, nos conhecem, se importam conosco e usam aquilo que há de melhor em seus filhos de fé. As palavras, o jeito de falar, as expressões corporais, tudo isso faz parte da essência do médium que mesmo no ato da incorporação se mantém viva.

Como explicado pelo sacertode Géro Maita no vídeo, devemos nos concentrar e compreender que há um envolvimento energético, um compromisso entre o Guia e o médium, mas ambos possuem a sua própria personalidade. Uma vez bem trabalhada e praticada com humildade, com o propósito da caridade, e somente por ela, a mediunidade passa a ser natural e leve. Junto a isso, estudar os aspectos de nossa religião abre campo para compreender que os bons guias espirituais conhecem nosso íntimo, sabem e respeitam os nossos limites.

FOLHAS E ERVAS DOS ORIXÁS

 

Folhas e Ervas são a base de praticamente tudo que nos cerca.

Na Umbanda é o sangue vegetal que na forma de banhos nos purifica e consagra.

Quem for banhado por elas espanta os males físicos e espirituais.

As ervas possuem vasto uso, nos rituais são muito utilizadas em homenagens, invocando sua proteção para que os atos litúrgicos sejam bem encaminhados. Enfim, seu uso é primordial, pois nada acontece sem folhas.

Um dos grandes mistérios em quase todos os ramos da Magia em todo o mundo é a utilização das plantas, raízes e sementes das ervas mais variadas. São usadas tanto em forma de defumações para os Deuses quanto para banhos purificadores, protetores e de cura.

A seguir citaremos algumas das ervas mais usadas na Umbanda e o Orixá pertencente:

OXALÁ

Levante
Erva Cidreira
Alecrim, Hortelã
Boldo, – algodoeeiro
– colônia, – girassol
– funcho
– malva cheirosa
IEMANJÁ
 
Unha de vaca
fls de Lágrimas de Nossa Senhora
Mastruço, Chapéu de couro
Jasmim, anis
– erva de Santa Luzia
– pata de vaca, – hortelã
– alfazema, – lavanda
FALANGE DAS CRIANÇAS
 
Amoreira, Alfazema
– groselheira
– hortelã
– rosa branca
– alecrim, – laranjeira
– manjericão
– sálvia

OXUM

– alfavaca, – arnica
– calêndula,  camomila
– erva cidreira
– ipê amarelo, – gengibre, rosa branca e amarela

 

OXÓSSI

– carapiá ou contra erva
– salgueiro chorão
– jurema, – eucalipto
-alecrim do campo
– guiné caboclo, – samambaia
– pariparoba, – alfavaca

 

IANSÃ

amor agarradinho
– bambu, – dormideira
– romã, – espada de Iansã
– louro, – manjericão
pitangueira, – alfazema

 

XANGÔ
Café (Folhas)
Mangueira (Folhas)
Erva de São João
– alfavaca roxa
– flamboyant, – manjerona
– hortelã, – levante
– cipó mil-homens
– mentrasto, nega mina
OGUM
Flecha de Ogum,
Erva de Bicho (Folha de Jurupitã)
– vence tudo – abre caminho
-aroeira, -pinhão roxo
– carqueja, – pata de vaca
– agrião, -losna, -jatobá
– espada de São Jorge
PRETOS VELHOS
Guiné
Eucalipto
Arruda
– manjerona
– pinhão roxo
EXU
Mamona, carqueja,
picão preto, unha de gato, arruda, comigo ninguém pode, beladona, cactus, cana de açúcar, mangueira, pimenta da costa, urtiga
pinhão roxo,  chorão
OMULU OU OBALUAIÊ
– alfavaca roxa
– agapanto lilás
– babosa
– fruta de pomba
– mostarda, – mamona
– gervão, – velame
– canela de velho 
NANÃ
– alfavaca, – assa peixe
– erva cidreira
– cipreste, – avenca
– manacá, – quaresmeira
– pinhão roxo
– crisântemos roxos
– oriri

 

ERVAS MAIS USADAS NA UMBANDA

 

Alecrim – Bastante emprego nos rituais de defumação, banho de descarrego. Eficiente destruidor de larvas astrais. O Chá é empregado para combater tosses e bronquites com sucesso.

Arruda – Muita usada contra maus fluídos, inveja, olho-grande, e para benzimentos. Aplica-se na lavagem de contas (guias), e banhos de limpeza ou descarrego. O uso medicinal é contra verminoses e reumatismo em chás, e o sumo aplica-se para reduzir feridas.

Bambu – Poderoso defumador contra larvas astrais, fazendo mistura com palha ou bagaço de cana. Excelente banho / obsessores ou maus espíritos. Na medicina popular é utilizado nas diarreias e perturbações do estômago.

Camomila – Na medicina popular tem larga utilização em chás reguladores dos intestinos; estimula o apetite.

Cana-de-Açucar –  Planta muito importante nos rituais. Seja o bagaço ou o produto, o açúcar, são amplamente utilizadas em defumações para melhoria das condições financeiras, misturando com pó de café virgem, cravo-da-índia, e canela em pó.

Girassol – Tem muito prestígio em defumações pois é poderoso anulador de fluidos negativos destruidora de larvas astrais. Nas defumações usa-se as folhas e nos banhos colocam-se também as pétalas colhidas antes do nascer do sol.

Romã – As folhas são utilizadas em banhos de descarrego. A medicina popular emprega o cozimento das cascas dos frutos para o combate de vermes e o mesmo cozimento para gargarejos nas inflamações de garganta e da boca.

 

ORIXÁS E SUAS ERVAS

Oxalá: Tapete de Oxalá (boldo), algodão, arnica da horta, alecrim, folhas e ramos de palmeiras, folhas de laranjeira, hortelã, erva cidreira, rama de leite, malva branca, saião branco, folha da costa, rosa branca, louro, manjerona, manacá, macaça, erva doce;

Oxossi: Alfavaca do campo, jureminha, caiçara, arruda, abre caminho, malva rosa, capeba, peregum, taioba, sabugueiro, jurema, capim limão, acácia, cipó caboclo, goiabeira, erva de passarinho, guaco, guiné, malva do campo, são gonçalinho, Louro, cabelo de milho, eucalipto, manjericão, samambaia;

Ogum: Espada de São Jorge, crista de galo, folhas de mangueira, Taioba, Cipó chumbo, Palmeira de dendezeiro (Mariwo), abre caminho, alfavaquinha, arnica, aroeira, capim limão, carqueja, dandá da costa, erva tostão, eucalipto, jaboticabeira, losna, pau rosa, peregum, porangaba, são gonçalinho, jatobá;

Xangô: Folha da costa, matamba, betis cheiroso, levante, folha de fogo, cerejeira, figueira branca, amoreira, ameixeira, espada de Santa Bárbara, Comigo ninguém pode, cipó mil homens, folhas de café, folha de manga, Guiné, arruda, limoeiro, umbaúba, vence demanda, urucum, pessegueira, pau pereira, para raio, noz moscada, nega mina, mutamba, mulungu, manjericão, malva cheirosa, jaqueira, folha da fortuna, folha da costa, fedegoso, erva tostão, erva de são João, cavalinha;

Iemanjá: Jarrinha, Rama de leite, cana do brejo, betis cheiroso, algas marinhas, alfavaquinha, flores branca de qualquer espécie, aguapé, camélia, folha da costa, jasmim, lágrima de nossa senhora, macaça, malva branca, taioba branca;

Oxum: Folha de vintém, folha da fortuna, malva, dracena, rama de leite, malva rosa, narciso, flores de tonalidade amarela, lírios de toda espécie, margaridas, flor de maio, amor perfeito, madressilva, quioco, oriri, mutamba, melissa, macaça, ipê amarelo, folha da costa, erva de santa Maria, erva de santa luzia, colônia, camomila, assa peixe, aguapé;

Iansã: Erva santa, umbaúba, folhas de bambu, folha de fogo, capeba, perientária, bredo sem espinho, malmequer branco, dormideira, espada de santa bárbara, flores amarelas ou coral, dracena, papoula, gerânio, erva de passarinho, erva tostão, guiné, jaborandi, louro, malva rosa, nega mina, peregum, pinhão roxo;

Nanã: Alfavaca roxa, assa peixe, avenca, cana do brejo, capeba, cedrinho, cipreste, erva de passarinho, jarrinha, manacá, Maria preta, mutamba, quaresmeira, rama de leite;

Omulu/Obaluaê: Zínia, folhas de laranja lima, folhas de milho, barba de velho, vassoura preta, velame, sete sangrias, sabugueiro, musgo, manjerona, mamona, espinheira santa, carobinha do campo, assa peixe;

Exu: Abranda fogo, mamona, carqueja, picão preto, unha de gato, arruda, comigo ninguém pode, arrebenta cavalo, azevinho, bardana, beladona, cactus, cana de açúcar, cansação, catingueira, corredeira, figueira preta, folha da fortuna, garra do diabo, mangueira, pau d’alho, pau santo, pimenta da costa, pinhão roxo, urtiga, chorão;

As 7 linhas: Geralmente usam todas as ervas não existindo uma em especial.

 

CLASSIFICAÇÃO DAS ERVAS:

Ervas Calmas: Boldo, erva doce, erva cidreira, alecrim do campo, camomila, capim santo, malva branca, malva cheirosa, erva de santa Maria, erva de santa luzia, jasmim, colônia, macaça, aguapé, alfazema, melissa, capim cidrão, folha de maracujá, manjericão, etc…

Ervas fortes: Arruda, guiné, espada São Jorge, espada de Santa Bárbara, carqueja, aroeira, comigo ninguém pode, peregum, nega mina, umbaúba, mamona, picão branco, eucalipto, pinhão roxo, bambuzinho, taioba, lança de Ogum, espada de Ogum, folha de fumo, etc…

Ervas bravas: Barba maldita (cipó azougue), unha de gato, comigo ninguém pode, coroa de cristo, mamona, picão preto, urtiga, chorão, folha de limão, folha de seringueira, etc…

Obs: A combinação das ervas, deve ser feita de acordo com a necessidade, não há mistério, desde que conheçamos as ervas e sua classificação e ainda os Orixás, por exemplo: banho de abre caminho deve-se usar ervas fortes combinadas com Orixás de abre caminho. Ervas bravas de preferência devem ser usadas apenas como bate folha (descarrego) na matéria ou em lugares.

BANHOS DE ERVAS

Arnica – afasta a negatividade

Abre Caminho – novas forças

Alecrim – clareza mental

Arruda – proteção

Anis Estrelado – aumenta a autoestima

Água-de-arroz – calmante

Alfazema – mudança

Camomila – limpeza (bactericida)

Canela – limpeza, força e prosperidade

Cravo da Índia – estimulante

Erva doce – boas energias

Espada de São Jorge – proteção

Folhas de Manga – prosperidade

Folhas de Louro – prosperidade

Fumo – proteção

Flor de sabugueiro – calmante

Guiné – proteção e força

Girassol (sementes) – acelera as mudanças

Hortelã – aceitação

Levante – força, melhorar a autoestima

Losna – corta a negatividade (raivas)

Macela – calmante (bom para insônia)

Manjericão – equilíbrio, renova as células do organismo

Pitanga (folhas) – melhora a circulação

Rosas brancas – limpeza

Rosas vermelhas – energia

Banhos Específicos:

Descarrego:

– 3 galhos de arruda

– 3 galhos de guiné

– 3 galhos de alecrim

– 1 espada de São Jorge

Abre Caminho:

– 7 folhas de loro

– 7 galhos de manjericão

– 7 cravos da índia

– 7 sementes de girassol

ERVAS PARA ENCAMINHAR ESPÍRITOS DESEQUILIBRADOS  –   São usadas para fazer Sacudimentos de Pessoas e Ambientes como: Losna; Cipó; Comigo-Ninguém-Pode; Fumo; Alho; Crisântemo; Bananeira; Abre-Caminhos; Espada de São Jorge; Pinhão Roxo; Guiné; Mamona, entre outras.

ERVAS PARA AMULETO – Usadas com a finalidade de Proteção e Segurança, são as seguintes: Alfavaca ou Manjericão; Guiné; Arruda; Indirí; Alecrim; Canela Preta; Espada de São Jorge, entre outras.

Fontes: 
www.raizdecaboclo.webnode.com
www.tefl.com.br, UMBANDA - A CAM

História e uso do pó de Pemba – (Efum) Africano

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Segundo muitos pesquisadores, a pemba foi trazida pelos bantos, que já a faziam para seus ritos religiosos na África. Esta teoria é reforçada segundo o dicionário de termos afro-brasileiros de Nei Lopes, pelo fato de que a palavra pemba significa cal em kimbundo, e mpemba é o termo para giz em kikongo. A pemba legítima é importada da África.

Efun mineral: é um pó retirado de calcário, que são encontrados na natureza em várias cores, também chamada de tabatinga. É utilizado na feitura de santo que serve para pintar o corpo do neófito, chamada de efum fum (pó branco).

O que torna essas pembas vindas da África tão especiais é o fato de que os artesãos entoam cânticos religiosos para consagrá-las enquanto realizam todas as etapas de sua produção: o minério extraído das jazidas de cal é pulverizado, misturado com corantes e cola, modelado e embrulhado em folhas de bananeira, depois de seco.

Efun (barro branco encontrado no fundo dos rios); foi o primeiro condimento utilizado antes da introdução do Sal. Muito usado em Ebos elaborados para aos Orixas Funfum. O efun simboliza o Dia, por isso, quando em pó, seja soprado ou friccionado seco é utilizado com o objetivo de expandir, vitalizar, iluminar, clarear, despertar, avivar.

Já o Efun molhado com água pura ou com o soro do Igbin é utilizado para acalmar, tranqüilizar, adormecer, suavizar, abrandar, repousar, proteger. Por isso que a cabeça do Yawo em reclusão deve permanecer coberta de pó de Efun durante o Dia, e durante a noite coberta com Waji e pequenas marcas de Efun.

Efun vegetal: é um pó retirado de frutos tipo: obi, orobo, aridan, pichurin, nós-moscada e folhas sagradas.

A mistura do efun mineral e o efum vegetal recebe o nome de Atin e dentro de algumas tradições ele só deve ser preparada pela iyaefun, iyalorixa ou sacerdote do culto.

Efun animal: é um pó retirado de ossos e cartilagens dos animais utilizados em sacrifícios aos orixás. Nas tradições africanas, esta extração deve ser feita pelo axogun ou babalorixá, entrando na preparação de assentamento de orixá.

O pó de pemba é muito eficaz enquanto prática magística, pois raramente deixa sinais de seu uso, o que é conveniente, especialmente quando o encantamento se destina a pessoas que não devem ter conhecimento de seu uso.

A pemba ralada é usada como um dos ingredientes que compõem muitos Afoshés ou pós mágicos, embora existam pós feitos sem pemba, podendo esta ser substituída por barro de rio ou outro tipo de terra, misturado com ervas, sementes, partes de animais e outros ingredientes, com variações decorrentes da influência dos valores culturais dos diversos povos que formaram as tradições religiosas e mágicas brasileiras.

Em decorrência de sua origem, esses pós também são chamados “pembas”, mesmo quando não são feitos com o giz pulverizado, legitimamente africanos.

Fonte: Afoshés, Patuás e Talismãs (A. Yamazaki)

Cultura & Conhecimento – Pierre Verger

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“Francês de nascimento (4 de novembro de 1902, Paris), baiano por opção e africano por paixão”. (LÜHNING, 1998-1999, p.315), assim pode ser definido Pierre Verger, fotógrafo e antropólogo de destaque nos estudos acerca das relações e das trocas entre Brasil e África, com ênfase na cultura e na religião negra no Brasil e na diáspora africana.


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Nascido Pierre Edouard Léopold Verger, pertencia a uma família rica da qual não se sentia parte integrante, mas tentava atender suas expectativas. Aos dezessete anos abandonou os estudos. A idade dos trinta anos marcaria uma mudança em sua trajetória. Verger adquiriu uma máquina fotográfica Rolleiflex, aprendeu técnicas fotográficas com o amigo Pierre Boucher e, após a morte da mãe e sem outros familiares próximos vivos, se lançou no mundo. Buscava um distanciamento do meio onde havia vivido até aquele momento. Por mais de dez anos viajou por vários países, nos cinco continentes, registrando a diversidade cultural e o homem inserido em seu contexto.
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Colaborando com jornais, revistas e agências fotográficas de vários países, Verger visitou Europa, União Soviética, Taiti, China, Japão, Filipinas, Indonésia, Estados Unidos, Guatemala, Argentina, Peru, África, Brasil, sempre com escalas em Paris. A volta ao mundo de Verger cessou em Salvador, Bahia, em 1946, lugar que quis conhecer por influência do romance Jubiabá, de Jorge Amado. Naquela cidade, que para ele parecia a África devido à forte presença da cultura negra, sentiu-se à vontade. Salvador foi escolhida como casa, onde viveu por cinquenta anos, até a sua morte.
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A Bahia mudaria seus interesses e, consequentemente, o rumo de sua obra. O culto aos orixás chamava-lhe a atenção. Em 1948, após conhecer os voduns do Maranhão e os xangôs de Pernambuco, aproximou-se do Candomblé, religião com a qual foi se envolvendo gradualmente até tornar-se filho de santo. Pouco antes de ir para Nigéria e Benin, na África, com uma bolsa de estudos concedida pelo Instituto Francês da África Negra (IFAN), foi iniciado por Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, que consagrou “sua cabeça a Xangô por descobrir nele um mensageiro de sua cultura entre a Bahia e a África”. (LÜHNING, 1998-1999, p. 320/321). Verger fez jus ao título, pois tornou-se um emissário entre os dois lados do Atlântico, estreitando laços e mantendo vivo o contato entre os dois continentes.
Na África, Verger realizou seus registros fotográficos com um foco específico: “revelar as formas que o culto africano aos ancestrais e a cultura negra assumiram nos dois lados do Atlântico”. (VERGER). Suas imagens buscavam semelhanças e diferenças entre Brasil e África. Os contatos e o conhecimento prévios adquiridos nos terreiros frequentados e visitados facilitaram seu acesso ao meio religioso africano.
Ao término do período de pesquisa, em 1949, Verger viu-se obrigado a escrever, pois o órgão financiador não aceitou apenas os negativos das fotografias (cerca de dois mil) como resultado, e exigiu um relatório escrito. Essa exigência configurou-se como um momento de mudança: o fotógrafo passou a conjugar foto e texto adentrando nas reflexões antropológicas. A partir de então, ele foi gradualmente passando de fotógrafo a escritor.
Nesse período, o seu objeto de pesquisa começou a ser definido. O interesse pela cultura Iorubá, dos povos da África Ocidental, o fez aprofundar suas investigações na Nigéria, Benin e nas Américas, tornando-se este o tema central de sua obra escrita. O tráfico de escravos, a diversidade religiosa e a botânica das populações negras e dos grupos distanciados pela escravidão são temáticas abordadas por ele.
Os cultos de origem africana estiveram presentes em sua vida para além da pesquisa. Em 1951, tornou-se ogã, cargo do candomblé, do Ilê Axé Opô Afonxá. Em 1953, em Ketu, na África, foi iniciado como babalaô — dono do destino e da adivinhação — e recebeu o nome de Fatumbi — nascido de novo graças ao Ifá —, o qual assumiu desde então.
Em 1966, defendeu na Sorbonne, Paris, a tese Flux et reflux de lu traite des esclaves entre le Golfe du Bénin et Bahia de Todos os Santos, du dix-septième au dix-neuvième siècle, sobre o tráfico de escravos do Golfo do Benin para a Bahia, recebendo o título de Doutor. Aos poucos a fotografia foi ficando de lado até parar de fotografar em 1973.
Ao longo de trinta anos Verger viveu entre a Bahia e o Golfo do Benin. Foi professor e colaborador visitante em várias universidades, a última em Ifé, Nigéria, no final dos anos 1970, quando parou de viajar. A partir de então, dedicou-se à difusão e à publicação de seus trabalhos. Integrou-se à Universidade Federal da Bahia em 1974, onde foi ator essencial para a instalação do Museu Afro-brasileiro, em 1982, em Salvador.
Nos anos 1980, seus trabalhos passaram a ter maior visibilidade, uma vez que uma editora passou a traduzi-los e publicá-los. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger para guarda e difusão de seu acervo e de seu legado. A Fundação, cuja sede fica na casa onde morou, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, abriga “dezenas de artigos, livros, sessenta e dois mil negativos fotográficos, gravações sonoras, filmes em película e vídeo, além de uma coleção preciosa de documentos, fichas, correspondências, manuscritos e objetos”. (FUNDAÇÃO PIERRE VERGER); e se propõe a manter intercâmbio entre Bahia e Golfo de Benin, além de ser um centro informação e de apoio à pesquisa.
 “O universo das culturas e religiões afro-americanas, especialmente o contato entre a África Ocidental e o Brasil” (LÜHNING, 1998-1999, p. 321) é tema central dos escritos de Verger, considerado “um dos maiores conhecedores do universo da cultura iorubá, graças ao seu desejo de conhecer, movido por uma imensa vontade de ser livre de compromissos desnecessários, e pela curiosidade de observar e entender as múltiplas facetas do ser humano”. (LÜHNING, 1998-1999, p. 321). Segundo Lühning (1998-1999, p. 325), sua obra pode ser assim dividida:

1) documentação fotográfica; 2) história das relações entre a África e o Brasil — influências mútuas: 3) artes; 4) religiões tradicionais africanas e brasileiras, incluindo aspectos de transe; 5) trabalhos de caráter sociológico; 6) tradições orais, processos de transmissão oral, literatura oral; 7) adivinhação; 8) etnobotânica; e 9) publicações com teor autobiográfico.

Seu último livro Ewe: o uso das plantas na sociedade iorubá foi publicado em 1995. Verger morreu em Salvador, em fevereiro de 1996, deixando um número incerto de fotografias e textos publicados em diversas línguas e países e uma enorme contribuição para o conhecimento do trânsito cultural negro no Atlântico.

Alguns de seus títulos publicados no Brasil:
Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo (1981);
•Lendas dos Orixás (1981);
•Notícias da Bahia – 1850 (1981);
•50 anos de fotografia (1982);
•Lendas Africanas dos Orixás (1985);
•Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX (1987);
•Centro Histórico de Salvador (1989);
•Artigos (A feiticeira, Mulher e candomblé, Mercados Nagôs no Benin) (1992);
•Ewe: o uso das plantas na sociedade iorubá (1995).

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Fonte: MORIM, Júlia. Pierre Fatumbi VergerPesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: